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Não poder viver em parte na tua vida é permitir
à morte viver na minha morte a sua vida inteira.
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quinta-feira, março 12
Ao meu amor, doente
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Não me olhes tão no fundo dos olhos:
amo-te tanto
que de mim próprio tenho ciúmes.
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Não me olhes tão no fundo dos olhos:
amo-te tanto
que de mim próprio tenho ciúmes.
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quarta-feira, março 11
A neve dolorosa
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Rostos. Pequenos rostos
que nos fizeram um dia bater o coração.
Ontem longamente guardados,
hoje facilmente esquecidos
- para sempre abandonados.
Ainda às vezes quando neva nos espreitam
e nos contemplam.
Do lago mais frio da memória
emergem transparentes e vigorosos
restaurando-nos o cântico quebrado
devolvendo-nos a noite perfumada.
Mas já cansados retornam ao oculto
em vago adeus
mergulhando na lágrima não vertida
para serem de novo apenas uma data,
detrito de nós mesmos,
nossa própria solidão.
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(1996)
Rostos. Pequenos rostos
que nos fizeram um dia bater o coração.
Ontem longamente guardados,
hoje facilmente esquecidos
- para sempre abandonados.
Ainda às vezes quando neva nos espreitam
e nos contemplam.
Do lago mais frio da memória
emergem transparentes e vigorosos
restaurando-nos o cântico quebrado
devolvendo-nos a noite perfumada.
Mas já cansados retornam ao oculto
em vago adeus
mergulhando na lágrima não vertida
para serem de novo apenas uma data,
detrito de nós mesmos,
nossa própria solidão.
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(1996)
segunda-feira, março 9
sábado, março 7
sexta-feira, março 6
quinta-feira, março 5
Ciência
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Ergui o rosto para o céu.
Nada me revelaram as estrelas
que o teu corpo não
me tivesse dito já.
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Ergui o rosto para o céu.
Nada me revelaram as estrelas
que o teu corpo não
me tivesse dito já.
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quarta-feira, março 4
Frémito
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Ah, suprema delícia
a tua boca sobre o meu peito,
à ombra desta madrugada
que de luz esplende e irradia!
Como crer na aridez do mundo
se a terra se adornou
com o cintilante aroma de teu corpo,
se tudo é oferenda de primavera em teu regaço,
aragem doirada de perpétuo estio;
se o próprio ar ao respirar-te
se fez verde horizonte de fragrâncias,
ganhando um ritmo
de clara dança e harmonia?
Nenhum vento de secura me perturba.
De teus gestos brotam fontes,
água bebo de tua cintura plena
- ó manancial perfeito!-
e aspiro a frescura de tua pele
com a minha a cada instante confundida.
Quando ao amanhecer
se enchem os céus de um clamor de aves peregrinas
de que pura claridade és promessa?
Que brancura se derrama de cada nuvem
imitando a tua nudez a mim aberta?
Por que voam longe de ti os anjos
se a luz perfeita só no teu rosto existe?
Por que o roçar de suas asas não te visita?
Ah, se eu pudesse ao beijar teus lábios
alcançar de vez a tua alma
e negar esta solidão que me chora ainda!
Morro para mim porque te vivo
e nessa vida mais alta e incessante sei que
ao despertar em ti já não existo-
sou apenas o frémito feliz de uma folhagem,
a linha da tua irradiante fronte,
o límpido regato que humildemente te reflecte.
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Ah, suprema delícia
a tua boca sobre o meu peito,
à ombra desta madrugada
que de luz esplende e irradia!
Como crer na aridez do mundo
se a terra se adornou
com o cintilante aroma de teu corpo,
se tudo é oferenda de primavera em teu regaço,
aragem doirada de perpétuo estio;
se o próprio ar ao respirar-te
se fez verde horizonte de fragrâncias,
ganhando um ritmo
de clara dança e harmonia?
Nenhum vento de secura me perturba.
De teus gestos brotam fontes,
água bebo de tua cintura plena
- ó manancial perfeito!-
e aspiro a frescura de tua pele
com a minha a cada instante confundida.
Quando ao amanhecer
se enchem os céus de um clamor de aves peregrinas
de que pura claridade és promessa?
Que brancura se derrama de cada nuvem
imitando a tua nudez a mim aberta?
Por que voam longe de ti os anjos
se a luz perfeita só no teu rosto existe?
Por que o roçar de suas asas não te visita?
Ah, se eu pudesse ao beijar teus lábios
alcançar de vez a tua alma
e negar esta solidão que me chora ainda!
Morro para mim porque te vivo
e nessa vida mais alta e incessante sei que
ao despertar em ti já não existo-
sou apenas o frémito feliz de uma folhagem,
a linha da tua irradiante fronte,
o límpido regato que humildemente te reflecte.
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segunda-feira, março 2
Onda
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Se te pudesse dizer o som vivo
da mais pura claridade
e oferecer o azul raro que mora
no centro da onda que o mar não dissipou,
se a palavra que de mim se desprende,
como halo submerso da alga que verde emerge
para a orla que os teus passos demarcaram,
se a música florisse de minhas mãos
para a carícia que o teu corpo merece,
então o poema ganharia a fria calidez
do cristal que o fogo namorou
e a água beberia em teus lábios
a forma dos beijos que para ti
tantos anos em segredo sonhei.
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Se te pudesse dizer o som vivo
da mais pura claridade
e oferecer o azul raro que mora
no centro da onda que o mar não dissipou,
se a palavra que de mim se desprende,
como halo submerso da alga que verde emerge
para a orla que os teus passos demarcaram,
se a música florisse de minhas mãos
para a carícia que o teu corpo merece,
então o poema ganharia a fria calidez
do cristal que o fogo namorou
e a água beberia em teus lábios
a forma dos beijos que para ti
tantos anos em segredo sonhei.
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