segunda-feira, fevereiro 16

Mulher




Mulher que escondes em teu corpo

a alma secreta das paisagens,

com o seu fluir de rios e seus socalcos de pura dádiva e bondade.

Hoje, meu coração, talvez te revele que não serás, como ela, passageira.

Qualquer coisa de ti perdurará

na verde folhagem destas árvores

que vegetalmente te observam

e tua música imitam.

Porque eu te amo és eterna,

vives para além da invalidez do tempo,

és pólen fecundante que o vento não sonega,

pétala de lume a perfumar a brisa desta tarde,

Primavera que de ti própria vi brotar.

E nos céus antes áridos entoam já suaves sinos

anunciando que todos os dias serão agora teus,

só porque os fizeste de seda para mim.



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